Um dos aspectos mais importantes na vida quotidiana das crianças, está relacionado com a ocupação dos seus tempos livres.
A convenção Internacional dos Direitos da Criança é um documento de grande alcance social, político e cívico. Nela estão definidas intenções que devem ser implementadas pelos estados membros. É urgente tomar medidas ao nível do poder político envolvendo organizações não-governamentais, locais e a comunidade em geral, no sentido de implementar as recomendações que estão articuladas no seu artº 31 (Os Estados Partes reconhecem à criança o direito ao repouso e aos tempos livres, o direito de participar em jogos e actividades recreativas próprias da sua idade e de participar livremente na vida cultural e artística.), o qual consagra o direito da criança ao jogo e assume uma importância vital num tempo em que as mudanças sociais são enormes. Estas disposições não têm sido integralmente respeitadas pelas sociedades.
É necessário compreender o impacto que as mudanças sociais acarretam nos quotidianos de vida e na socialização das crianças e dos jovens. De uma forma geral, existe alguma insensibilidade para as questões relacionadas com o jogo e a criança. Isto traduz-se numa fraca oferta de espaços bem dimensionados, com base em critérios de eficiência, segurança e correcção pedagógica, equilíbrio estético e de modo a que, sobretudo, proporcione prazer aos seus utentes prioritários – as crianças.
O conceito da importância do lazer das civilizações modernas requer uma profunda transformação das mentalidades. Basta referir a modificação da estrutura familiar tradicional, ao que acresce o desenvolvimento de cidades satélites com os inerentes problemas de transporte, a fragilidade das redes pré-escolar e escolar, a construção em altura sem que o espaço ganho seja tornado público e facilmente se compreende que se coloquem às crianças e adolescentes muito poucas opções desejáveis quanto à ocupação dos seus tempos livres.
O planeamento dos espaços de jogo não é exclusivo de nenhum profissional seja qual for o seu ramo. Deverá antes ser uma tarefa para uma equipa multifacetada e multidisciplinar de gente sensível a esta realidade.
Num mundo em que o núcleo principal de uma sociedade - a família - não funciona e não cumpre o seu papel socializador, no qual não existe a segurança necessária no exterior para que o jovem conviva com os seus pares e se socialize por essa via, é urgente que a Escola seja repensada e ofereça as oportunidades de que a população mais jovem carece.
Se na realidade as escolas passam a ser também da responsabilidade das autarquias, não poderão estas colmatar o actual défice social que se verifica ao nível do lazer e da ocupação dos tempos livres, criando nas escolas espaços destinados ao lazer?
Numa economia pobre, as situações de carência são constantes e reais. As desigualdades são inevitáveis, fruto de uma estrutura social desequilibrada. Tudo isto vai determinar aquilo a que a criança tem ou não acesso. Na verdade, a escola devia tentar dar um certo equilíbrio a esta situação, proporcionando às suas crianças, aquilo que estas pedem quando sonham com uma escola à sua medida. É magnífico falar da interdisciplinaridade, como fundamental para a realização de aprendizagens efectivas, mas de que adianta pedir aos alunos para fazer os trabalhos A, B ou C em formato digital, com consultas nos sites X, Y e Z, ou em enciclopédias, se alguns chegam a casa e nem computador possuem? Porque não investir seriamente no equipamento das escolas, de forma a contornar essa desigualdade no acesso à informação, à tecnologia e aos espaços de jogo? Transformar a escola em algo atractivo para os seus alunos, poderia de alguma forma, retirar as crianças e os jovens de ambientes onde se praticam comportamentos desviantes.
A nossa realidade escolar é francamente triste, com todos a lutar para manter a “cabeça à tona da água”. Em alunos e professores, instalou-se uma enorme desmotivação, quer seja pelas condições de trabalho, pelos edifícios escolares onde se morre de frio ou de calor, pela carga lectiva semanal destinada aos curricula demasiado extensos, onde “tudo se perde” e nada ou pouco fica de essencial…
As escolas tentam colmatar estas carências através do desporto escolar, clubes de teatro, bibliotecas e ludotecas, entre outros…
As ludotecas são espaços recriativo-culturais pensados para as crianças e adolescentes, que possibilitam, através do jogo, o desenvolvimento da personalidade e cultura durante os tempos livres. Para isso, as ludotecas oferecem e estimulam o jogo, oferecendo às crianças e jovens os materiais necessários, bem como as orientações, ajudas e companhia que o jogo requer.
As ludotecas servem como solução para a falta de formação que os adultos têm acerca do jogo que é adequado para as suas crianças, assim como para o problema económico que muitas famílias apresentam, agravado por falta de espaço na rua e nas suas casas. O jogo é fundamental para a infância e adolescência, devendo ser utilizado como uma das principais ferramentas de intervenção educativa, social e cultural.
Está bem "fiche". Gostei! Já agora, quando puderes vai à BE que tenho lá umas coisas para partilhar!!!
ResponderEliminarE estou à espera de um convite para visitar :)!!!!
Está lindo o seu Blogue!!! tem ideias muito boas para a sua escola e o alunos vão ficar radiantes!! Parabens.Beijócas
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