segunda-feira, 5 de março de 2012

A viagem da gotinha

A seca já vai longa e a falta de água começa a preocupar a população portuguesa. Em certas regiões do globo a falta de água está na origem da morte de milhares e milhares de pessoas, sendo que muitas são crianças.
O homem tem vindo a desrespeitar a Natureza, poluindo constantemente os recursos hídricos de uma forma constante e absurda. O resultado está à vista...climas alterados, a desertificação de regiões outrora férteis...a seca!


Os versos que se seguem fiz para a Margarida, a minha querida filha, que me perguntou se a água do mar era salgada por lá ter o bacalhau de molho!
Espero que ela e todos voçês que aqui andam na escola, em tempo de desenvolver competências e valores, cresçam descobrindo que na Natureza tudo tem uma razão de ser e se esforçe por defender o seu equlíbrio e harmonia.

A viagem da gotinha


Eu era uma gotinha
Presa a uma nuvem de algodão.
Quando a nuvem se furou
Deixou-me cair no chão.

Fiquei muito aflita,
Sem saber o que fazer.
Encontrei outras gotinhas
Que ali passavam a correr.

Perguntei-lhes onde iam,
Começaram a sorrir!
"Vamos para a nascente!
Tu também queres vir?"

E assim todas juntinhas,
Por entre cascalhos e mata,
Surgimos fonte de vida,
Água pura na cascata.

De poça em poça caí,
Lavando os seixos de cor.
Vou arrantando os sais,
Que me oferecem o sabor.

Olho em volta de mansinho
Começo-me a animar...
Já somos um ribeirinho
Que corre para o mar.

Como gotinha de água
Tranquila e transparente
Lá fui descendo a encosta,
Matando a sede à gente.

Até que cheguei à foz,
Onde o rio se junta ao mar.
Mergulhei nas suas ondas
Para os peixinhos saudar.

A gotinha, tão doce e tão terna,
A todos os peixinhos beijava..
Qando sentiu o calor do sol
Que para cima a chamava.

Pela água acima subiu
Como se barbatanas e asas ganhasse
A caminho de uma nuvem branquinha
Que nos seus braços a guardasse.

Assim respondeu ao sol
Cheia de graciosidade.
É a história da gotinha
Que desafiou a gravidade!



Maria S. Machado

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